O abraço que imagino não chega.
Seria preciso absorver-te
inteira para poder acalmar a inquietação da falta. A falta. O não existires ao
pé de mim. O ar apenas. Tenho medo de esquecer a tua cara. De não me lembrar nunca
mais do sabor da tua pele, do toque das tuas mãos honestas. Tenho medo de
arrefecer o meu fogo.
A música do meu dia é a gravação do teu riso na minha
cabeça. Os odores da cidade morrem debaixo desse teu cheiro que me estonteia. É
cheiro de baunilha, de noite de Verão, de saudade. O teu fio de cabelo, mais
quente e alegre que o Sol. Apenas tenho a moldura. Falta o essencial, a
obra-de-arte.
Falta-me o ar. Os braços, as pernas, o teu andar.
És-me. Com toda a força do teu tecido e do teu tronco. És-me
e sou teu. Tu foste a tinta, o decalque. Eu a parede. Caiam primeiro os
tijolos, que a tinta ficará.
Para mim, o átomo e a partícula moram em ti. Isso que chamam
de Universo és tu.
Faltas-me. Falta-me tudo…
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